21.02.2025
Por Fachesf
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Felipe Andrade: “Mudanças trouxeram mais de R$ 500 milhões de resultado.”
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O ano de 2024 foi marcado por intensas movimentações na gestão dos investimentos da Fachesf. Em meio a um cenário econômico instável e a novas diretrizes estratégicas, a Fundação promoveu uma ampla revisão de sua carteira com o objetivo de reduzir riscos, aumentar a previsibilidade dos retornos e garantir melhores resultados para os participantes.
Com movimentações que ultrapassaram R$ 8 bilhões, as decisões envolveram desde a realocação de recursos para ativos mais seguros até a estrutura de investimentos da Fachesf. Tais mudanças, implementadas ao longo do ano, já demonstram impactos positivos e preparam a Fundação para desafios futuros.
Para entender os motivos dessas decisões, os resultados alcançados e as expectativas para este ano de 2025, conversamos com Felipe Andrade, diretor de Administração e Finanças da Fachesf, que detalha o trabalho realizado e as estratégias que estão guiando a Fundação rumo a um cenário mais sólido e sustentável.
O que motivou a Fachesf a adotar um intenso movimento de mudanças nos seus investimentos em 2024?
Felipe Andrade – Alguns fatores nos levaram a realizar um extenso trabalho de revisão da carteira de investimentos. O primeiro deles foi a mudança do indexador dos planos, de IGP-M para IPCA, que nos permitiu fazer a chamada “imunização” do passivo. Como pagamos benefícios corrigidos pelo IPCA, atrelar nossos investimentos a esse mesmo índice reduz significativamente o risco de descasamento entre os dois, como ocorreu no passado, quando o indexador era o IGP-M. Além disso, não há mais novas opções de investimentos atrelados ao IGP-M no mercado financeiro.
Outro fator foi as taxas atuais dos títulos públicos, que possibilitaram aquisições bem acima das nossas metas atuariais. Aproveitamos essa oportunidade para trazer rentabilidades superiores ao longo das próximas décadas, trazendo muito mais segurança no longo prazo.
Vale acrescentar ainda que o cenário no início de 2024, que ainda permanece, apresentou diversas fontes de risco no mercado global. Essa incerteza gera uma volatilidade excessiva, levando os investidores a fugir de ativos de risco. Diante disso, optamos por diminuir significativamente nossa exposição a esses investimentos, uma decisão que se mostrou acertada.
Nossos planos estão maduros, ou seja, a maioria dos participantes já se encontra em fase de recebimento de benefícios. Por isso, precisamos adotar uma abordagem que reduza a volatilidade, priorize o planejamento de longo prazo e mitigue o risco de novos déficits. E isso foi feito. Ao longo de 2024, implementamos essa estratégia com sucesso.
Quais as principais mudanças realizadas?
Felipe Andrade – Em 2024, realizamos movimentações significativas em nossa carteira de investimentos, totalizando mais de R$ 8 bilhões em compras e vendas. Recentemente, divulgamos aos participantes um relatório detalhando o raciocínio por trás de cada operação; recomendamos sua leitura para uma compreensão aprofundada. Em resumo, nossa estratégia de investimento incluiu:
Nas vendas:
- Zeragem de NTN-Bs de vencimentos longos marcadas a mercado;
- Forte redução em Renda Variável, no ápice de 2024;
- Forte redução em Exterior, após alta expressiva no ano;
- Zeragem de NTN-Cs (atreladas ao IGP-M).
Nas compras:
- Compras de NTN-Bs marcadas na curva, buscando uma imunização máxima possível;
- Aumento em Multimercados após setembro;
- Início de estratégia de IMA-B 5 (NTN-Bs de vencimentos curtos);
- Início de Crédito Privado Líquido.
Quais os resultados alcançados com essas mudanças?
Felipe Andrade – As mudanças se mostraram muito acertadas, sobretudo porque foram feitas de maneira ágil no começo do ano, antes de o mercado piorar. Apenas em 2024, a diferença entre a carteira anterior e o nosso resultado real apresentou um ganho de mais de R$ 500 milhões. Mas, talvez mais importante do que isso, é o que essa carteira trará para os próximos anos:
- Atingimento da meta atuarial do CD Benefício Concedido e outros planos
- Redução drástica de volatilidade/risco
- Maior previsibilidade de atingimento de metas atuariais
- Possibilidade de aumentos de metas atuariais
- Processos de investimentos reformulados com melhores práticas
- Agilidade na tomada de decisão colegiada
- Diminuição expressiva nos contratos de déficits com a patrocinadora
Quais foram os principais desafios enfrentados pela Fachesf em termos de cenário econômico em 2024?
Felipe Andrade – O cenário econômico foi bastante desafiador, tanto no contexto nacional quanto internacional. A desaceleração econômica na China, a instabilidade geopolítica na Europa e no Oriente Médio, e a volatilidade dos mercados nos Estados Unidos foram alguns dos fatores que impactaram nossos investimentos. No Brasil, tivemos que lidar com a elevação da taxa Selic e a pressão inflacionária, que afetaram diretamente os títulos públicos federais.
Quais são as expectativas e estratégias para 2025?
Felipe Andrade – Acreditamos que 2025 continuará sendo desafiador para os ativos de risco (Bolsa, Multimercado, Exterior, etc.), mas a boa notícia é de que atualmente dependemos muito pouco disso para o nosso resultado. Nossas estratégias incluem priorizar títulos públicos indexados ao IPCA e CDI, manter uma exposição reduzida em renda variável, aproveitar oportunidades em mercados externos e expandir a alocação em fundos multimercados.
A maior parte do trabalho de ajuste da carteira já foi realizada. Nosso foco será fazer eventuais ajustes conforme o cenário mude, aprofundando a estratégia de proteger o patrimônio dos participantes e buscar rentabilidade ajustada ao risco.
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